quinta-feira, 27 de maio de 2010

Matei narciso

               por Marcelo Luiz de Freitas




                         Hoje pela manhã quando o vi,
                   meu coração encheu-se de ódio.
                   Tive vontade de matá-lo.
                   Matar e depois dançar sobre seu corpo.
                   Sempre foi feio, mas hoje estava horrível,
                   nojento.
                   Velho.

                   O encarei sem medo. Olho no olho.
                   Ficamos em silêncio por alguns minutos e
                   sem desviar nossos olhares,
                   nos afastamos.
                   Apanhamos algumas pedras e nos despedimos .
                                     
                   Do espelho, sobrou apenas a moldura.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O cão e eu

                                                                 Por Marcelo Luiz de Freitas


            Quando cheguei, era quase meia noite. Um arrepio e uma dor em cruz atingiram meu peito. A rua estava completamente deserta, apenas um cão transitava sob aquele luar.

            O dito cujo, aproximou-se de mim, rodeou-me lentamente. Fitou-me dos pés à cabeça. Era um cão, assim como eu, de rua.

            Daquela noite em diante, passei a segui-lo. Descobri novas ruas, novos becos, novas formas de ver e sentir a cidade em que vivi grande parte de minha vida.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

As melhores coisas do mundo, de Laíz Bodansky: E sua irresistível nostalgia

Por Cristian Rangel




Há em As Melhores Coisas do Mundo, terceiro longa de Laís Bodanzky, vários aspectos que poderão suscitar uma agradável sensação de nostalgia em todos aqueles que já passaram da fase quase adulta da vida conhecida como adolescência. Ao mesmo tampo em que essa irresistível nostalgia pode ser sentida o longa possui também fortes características da contemporaneidade, tanto em sua forma quanto em seu contexto, ressaltando a importância que os novos meios de comunicação possuem, sobretudo nos relacionamentos dos adolescentes. O filme aborda essa temática de maneira peculiar, o que lhe confere maior verossimilhança.

Os dilemas tratados ganham uma profundidade um tanto quanto interessante, a turbulência da adolescência é vista e “vivida” de forma intensa. Vemos os problemas embaralhando a mente dos personagens e percebemos ali uma visão particular do mundo sendo criada: eles se arriscam, se divertem, experimentam, bebem, choram, sentem medo, se dão mal, buscam canos de escape e... se arriscam novamente, numa constante tentativa de alívio imediato.

Sem dúvida As Melhores Coisas do Mundo é um filme para ser visto e curtido por um bom tempo, ele está em cartaz em Belo Horizonte.
 
Filmes dirigidos por Laís Bodansky:
 
• As melhores coisas do mundo (2010)
• Chega de saudade (2008)
• Bicho de sete cabeças (2001)
• Cine Mambembe, o cinema descobre o Brasil (1999)
• Cartão vermelho (1994)


Trailer: