quarta-feira, 7 de julho de 2010

Viajo porque preciso, volto porque te amo, Karim Aiinouz e Marcelo Gomes

Por Cristian Rangel

Na 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em janeiro deste ano, o filme Viajo porque preciso, volto porque te amo teve a sua pré-estréia nacional, o evento homenageou o Cineasta Cearense Karim Ainouz, e parte de sua filmografia foi exibida na Mostra. Esse mês o filme estreou em Belo Horizonte, em meio a uma programação intensa no circuito comercial de cinema, com direito a animação em 3D e filme com vampiros e lobisomens, é interessante e saudável observar em cartaz um longa nacional como Viajo porque preciso, volto porque te amo, que tem grande força expressiva e traz algumas questões pertinentes à linguagem cinematográfica contemporânea, nos propondo uma nova abordagem da condição precária do nordeste ao mesmo tempo em que trata de relações amorosas e suas especificidades.


Nesse road movie pelo sertão, acompanhamos o geólogo José Renato em sua pesquisa de campo pela região semi-desértica do nordeste brasileiro, com o objetivo de avaliar o possível percurso de um canal que será feito a partir do desvio das águas de um rio da região. Enquanto faz os registros da pesquisa ele revela suas angustias sentimentais, surgidas após ser abandonado pela esposa. Quanto maior é sua imersão naquele ambiente desolador, mais aumenta as suas inquietações.


Com bastante sensibilidade visual, a narrativa se constrói a partir do olhar do personagem principal, o qual não vemos, mas nos aproximamos dele através das imagens e de sua narração, aspecto que aproxima o filme de uma linguagem documental. Outro fator importante é a característica dicotômica com que pouco a pouco o longa se desenvolve, conferindo maior intensidade à trajetória incerta e desajeitada de um homem pelas veredas do sertão e do amor, entre o vazio e a solidão de ambos.

Trailer:

Nenhum comentário: