domingo, 19 de dezembro de 2010

URBANO foi até o FIM

Por Aspirantes

Isso mesmo, o FIM – Festival Imagem-Movimento chegou este ano a sua 7ª edição e, assim como nos anos anteriores, exibiu um vasto e eclético material audiovisual a um público que, a cada edição, chega com fome de diversão, cultura e diversidade. O festival percorreu, de 14 a 19 de dezembro, cinco municípios no estado do Amapá, promovendo mostras de filmes independentes e oficinas de audiovisual.


URBANO, do diretor Marcelo Luiz de Freitas foi exibido dia 16 nas Muralhas da Fortaleza de São José, em Macapá-Amapá.


                                                    URBANO - Belo Horizonte, MG

sábado, 27 de novembro de 2010

URBANO concorrerá a prêmio.

Por Aspirante

O curta-metragem URBANO, produzido por Marcelo Luiz de Freitas foi selecionado para o 4º Arraial CineFest em Porto Seguro, BA. Já presente no calendário baiano desde 2006, o festival vem, a cada edição, apresentando produções cinematográficas de artistas e diretores emergentes.

Este ano, o Arraial CineFest acontecerá de 04 a 11 de dezembro e URBANO concorrerá, sob a perspectiva do júri popular, ao Troféu Curumim de Cinema e Vídeo na categoria de melhor curta ficção, sendo exibido no dia 07 de dezembro em Trancoso, no Espaço São Brás às 20 horas.

O Quinto Olho, proliferador cultural, disponibiliza o trailer. Assista agora.




Veja programação completa do 4º Arraial CineFest http://www.arraialcinefest.com.br/

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

B1NÁR1Ø, O CuRtA!

Por Aspirantes

O curta-metragem B1NÁR1Ø foi realizado por um grupo de alunos da Faculdade Estácio de Sá Belo Horizonte, produzido pela agência experimental 1 Todo Comunicação em parceria com O Quinto Olho já está em fase final de produção. O aspirante Cristian Rangel protagoniza o curta que, traz uma reflexão crítica sobre a fugacidade e virtualidade do mundo contemporâneo.

Em breve divulgaremos mais notícias. Por hora, acompanhem o processo de produção e assuntos importantes da área audiovisual no blog: www.curtaobinario.blogspot.com.

sábado, 16 de outubro de 2010

V Mostra de Cinema da Estácio BH e o curta URBANO, de Marcelo Luiz de Freitas

Por Aspirantes

Nos dias 18,19 e 20 de outubro acontecerá na Faculdade Estácio de Sá BH, (Campus Prado) a 5º Mostra de Cinema Comentado. Tendo como tema releituras, a mostra contempla adaptações literárias para o cinema como também refilmagens de grandes filmes. Trazendo uma seleção bem diversificada de filmes, põe em discussão essas obras adaptadas para o cinema e, conseqüentemente questões como fidelidade a obra adaptada e reinvenção a partir dela.

Entre eles destacam-se Acossado (À bout de souffle, 1960) primeiro filme de Jean-Luc Godard e baseado em história de François Truffaut, que é conhecido por sua liberdade de experimentação da linguagem cinematográfica e também por ser precursor da Nouvelle Vague (movimento do cinema francês); e Abril Despedaçado, de Walter Salles, que foi livremente inspirado em livro do escritor albanês Ismail Kadaré, um filme bastante expressivo, da recente cinematografia brasileira, que participou de vários festivais internacionais.

O curta-metragem URBANO, roteirizado e dirigido pelo estudante de Publicidade e Propaganda Marcelo Luiz de Freitas (aspirante do Quinto Olho), será exibido na sessão especial de curtas, antecedendo as exibições dos longas-metragens. É com grande entusiasmo que convidamos a todos para acompanhar conosco a 5ª Mostra de Cinema Comentado da Estácio.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ser

             Ao acordar, percebeu que ainda era o mesmo, que nada tinha mudado e, arrependido da escolha que fizera, deitou-se novamente e chorou.                
             Percebendo que mais alguém na casa tinha acordado, encolheu-se sobre a cama e lentamente mergulhou-se em suas lembranças, fazendo brotar, timidamente, um singelo sorriso em seu apático rosto.                                                                                                                              
             Passados alguns segundos, retomou a consciência, percebendo então que estava preso àquela forma de homem e que provavelmente jamais voltaria a ser o insignificante pedaço de cera.

                                                   por Marcelo Luiz de Freitas

domingo, 25 de julho de 2010

O primogênito

Caros amigos, é com imensa satisfação e alegria que anuncio, depois de um delicioso pré-natal e um estonteante trabalho de parto, a chegada do primogênito URBANO.


Nasceu com tanta vontade de viver, que já ousou dar seus primeiros passos, sua estréia será no 15º Festival Brasileiro de Cinema Universitário, na Mostra Informativa - Sessão Experimentando, que acontece no Rio de Janeiro de 28 de julho a 08 de agosto de 2010. Sua exibição será no dia 06, na sala Cine 2 da Caixa Cultural, as 15:30.


URBANO também será exibido na Mostra Curta Tudo, do 4º Arraial Cine Fest - Porto Seguro, Bahia, que acontece em dezembro deste ano. Ainda não foi informado a data de sua exibição, mas em breve o quinto olho divulgará mais notícias.


Agradeço de coração aqueles que acreditaram e colaboraram para que este projeto ganhasse vida: Marcos Paulo Freitas, por ter composto Experimento Urbano exclusivamente para o curta.Um forte abraço aos integrantes da banda Palito de Dente, Mundo Cruel ficou perfeito!
A você Danillo Carvalho, um agradecimento mais do que especial, lhe desejo toda a sorte do mundo e espero revê-lo em breve na grande tela.


Um abraço a todos e que as lentes nunca deixem de registrar nossas vidas.


Marcelo Luiz de Freitas.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Viajo porque preciso, volto porque te amo, Karim Aiinouz e Marcelo Gomes

Por Cristian Rangel

Na 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em janeiro deste ano, o filme Viajo porque preciso, volto porque te amo teve a sua pré-estréia nacional, o evento homenageou o Cineasta Cearense Karim Ainouz, e parte de sua filmografia foi exibida na Mostra. Esse mês o filme estreou em Belo Horizonte, em meio a uma programação intensa no circuito comercial de cinema, com direito a animação em 3D e filme com vampiros e lobisomens, é interessante e saudável observar em cartaz um longa nacional como Viajo porque preciso, volto porque te amo, que tem grande força expressiva e traz algumas questões pertinentes à linguagem cinematográfica contemporânea, nos propondo uma nova abordagem da condição precária do nordeste ao mesmo tempo em que trata de relações amorosas e suas especificidades.


Nesse road movie pelo sertão, acompanhamos o geólogo José Renato em sua pesquisa de campo pela região semi-desértica do nordeste brasileiro, com o objetivo de avaliar o possível percurso de um canal que será feito a partir do desvio das águas de um rio da região. Enquanto faz os registros da pesquisa ele revela suas angustias sentimentais, surgidas após ser abandonado pela esposa. Quanto maior é sua imersão naquele ambiente desolador, mais aumenta as suas inquietações.


Com bastante sensibilidade visual, a narrativa se constrói a partir do olhar do personagem principal, o qual não vemos, mas nos aproximamos dele através das imagens e de sua narração, aspecto que aproxima o filme de uma linguagem documental. Outro fator importante é a característica dicotômica com que pouco a pouco o longa se desenvolve, conferindo maior intensidade à trajetória incerta e desajeitada de um homem pelas veredas do sertão e do amor, entre o vazio e a solidão de ambos.

Trailer:

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Matei narciso

               por Marcelo Luiz de Freitas




                         Hoje pela manhã quando o vi,
                   meu coração encheu-se de ódio.
                   Tive vontade de matá-lo.
                   Matar e depois dançar sobre seu corpo.
                   Sempre foi feio, mas hoje estava horrível,
                   nojento.
                   Velho.

                   O encarei sem medo. Olho no olho.
                   Ficamos em silêncio por alguns minutos e
                   sem desviar nossos olhares,
                   nos afastamos.
                   Apanhamos algumas pedras e nos despedimos .
                                     
                   Do espelho, sobrou apenas a moldura.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O cão e eu

                                                                 Por Marcelo Luiz de Freitas


            Quando cheguei, era quase meia noite. Um arrepio e uma dor em cruz atingiram meu peito. A rua estava completamente deserta, apenas um cão transitava sob aquele luar.

            O dito cujo, aproximou-se de mim, rodeou-me lentamente. Fitou-me dos pés à cabeça. Era um cão, assim como eu, de rua.

            Daquela noite em diante, passei a segui-lo. Descobri novas ruas, novos becos, novas formas de ver e sentir a cidade em que vivi grande parte de minha vida.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

As melhores coisas do mundo, de Laíz Bodansky: E sua irresistível nostalgia

Por Cristian Rangel




Há em As Melhores Coisas do Mundo, terceiro longa de Laís Bodanzky, vários aspectos que poderão suscitar uma agradável sensação de nostalgia em todos aqueles que já passaram da fase quase adulta da vida conhecida como adolescência. Ao mesmo tampo em que essa irresistível nostalgia pode ser sentida o longa possui também fortes características da contemporaneidade, tanto em sua forma quanto em seu contexto, ressaltando a importância que os novos meios de comunicação possuem, sobretudo nos relacionamentos dos adolescentes. O filme aborda essa temática de maneira peculiar, o que lhe confere maior verossimilhança.

Os dilemas tratados ganham uma profundidade um tanto quanto interessante, a turbulência da adolescência é vista e “vivida” de forma intensa. Vemos os problemas embaralhando a mente dos personagens e percebemos ali uma visão particular do mundo sendo criada: eles se arriscam, se divertem, experimentam, bebem, choram, sentem medo, se dão mal, buscam canos de escape e... se arriscam novamente, numa constante tentativa de alívio imediato.

Sem dúvida As Melhores Coisas do Mundo é um filme para ser visto e curtido por um bom tempo, ele está em cartaz em Belo Horizonte.
 
Filmes dirigidos por Laís Bodansky:
 
• As melhores coisas do mundo (2010)
• Chega de saudade (2008)
• Bicho de sete cabeças (2001)
• Cine Mambembe, o cinema descobre o Brasil (1999)
• Cartão vermelho (1994)


Trailer:

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Graveola e o Lixo Polifônico: E a Reinventividade Sonora

Por Cristian Rangel


Graveola e o Lixo Polifônico é, sem dúvida, uma das bandas mais interessantes do cenário independente de Belo Horizonte, não consigo rotulá-la em algum estilo musical, pois eles bebem de muitas fontes e reinventam as formas sonoras peculiares de cada estilo, criando assim seu estilo indefinivel, mas, quem se importa com as famigeradas definições? O que realmente interessa é perceber a liberdade com que o Graveola se mostra, de cabeça aberta e antenas ligadas para experimentar e misturar os ricos sons da música brasileira. Temos aqui um bom exemplo de como fazer dessa gama de influências e referências um verdadeiro coquetel antropofágico, recheado de musicalidade para se deleitar com gosto, é a reinventividade sonora intrínseca em um outro modo de se fazer o som.

Em 2009 o Graveola lançou o seu primeiro disco, que contêm belissímas canções, entre elas a música Outro Modo que vejo como uma espécie sintése metalingüística da banda, pois há a essência do grupo a reinvenção, que foge do lugar comum dando vez e voz para a liberdade de experimentação; outro destaque também para a ousada Dois lados da canção que nos apresenta um inusitado “encontro” musical, entre a tropicália dos Mutantes e as romanticas canções de Roberto Carlos, a partir das melodias e do jogo de palavras. Enfim, é um ótimo disco para ser degustado com bastante atenção.


Foi lançado no início desse ano o segundo disco do grupo, que na verdade é considerado por eles como um disco e meio, uma coletânea de férias que não pretende ser o segundo, o albúm tem o nome de Um e Meio e está disponibilizado no site da banda, assim como o disco anterior. E traz grandes músicas, que a princípio me soaram bem diferentes das do disco anterior, mas agora sei que realmente elas são a cara da banda e exatamente por essa caracteristica mutável. Atento para a animada Coquetismo e a bonita e sutil Desagrados e Flores, a qual podem ouvir com os próprios olhos no vídeo clip abaixo, sem mais delongas apreciem uma pitada sonora desse liquidificador polifônico:


sexta-feira, 19 de março de 2010

O amante e a meretriz (fragmento)

Por Marcelo Luiz de Freitas



     Por aquela porta, entravam e saiam diariamente, jovens, adultos, velhos, casados, doentes, solteiros, grávidas, brancos, pardos, negros, loiras, advogados, morenas, pobres, ricos e inúmeros virgens.


     Os corredores estreitos obrigavam os transeuntes a se movimentarem lentamente, trombando uns nos outros. A fragrância de perfumes adocicados, misturada à fumaça de cigarros, aguardente e ao odor de suor causava náusea em alguns, mas para a maioria dos que circulavam por ali, aquilo era o perfume dos deuses. Extremamente excitante e encantador.


     Havia, em um dos cômodos, um bar. Garrafas, de diversos formatos e cores, compunham a decoração. Um grande balcão circulava todo o recinto, delimitando o espaço entre os fregueses e a atendente.


     Todo domingo, depois que saía do serviço, Alice encontrava-se com seu amado e os dois pernoitavam. Ela o esperava na porta da catedral. Assim que chegava, davam as mãos e entravam, ajoelhavam-se perto da imagem de algum santo e por cinco minutos ficavam em absoluto silêncio. Depois de cumprido o ritual, os dois dirigiam-se à casa de Avelino...

quarta-feira, 17 de março de 2010

Curta

Por 2 ASPIRANTES

Já está em fase final o curta-metragem URBANO, roteirizado e dirigido por Marcelo Luiz de Freitas.

Em breve disponibilizaremos algum material.

domingo, 14 de março de 2010

O silêncio (fragmento)

Por Marcelo Luiz de Freitas

     O silêncio, daquele que seria mais um dia como outro qualquer, foi interrompido por um singelo e majestoso trovão. Ainda fora de si, Lívia manteve-se deitada refletindo o sonho que acabara de ter.

     Os trovões continuaram, delicadamente, a romper o glamuroso e nostálgico silêncio e as pessoas apressavam-se para chegar em casa antes da chuva.

     Ao contrário dos outros, Lívia abriu as portas e janelas de sua casa e saiu, aproveitou aquela paz para caminhar. Levou consigo seu fiel companheiro Godofredo, um cão vira-lata que ela retirou, após anos de maltratos, de um circo. Era diferente de qualquer outro animal, profundo conhecedor de qualquer que fosse o assunto, era gentil, educado e carinhoso. Sua inteligência surpreendia até os mais intelectuais, mas tinha um defeito, era ateu.

     Os trovões, sonoramente perfeitos em um sincronismo acalentador, davam vida àquele lindo e inesquecível dia, o mais perfeito de nossas vidas. Um dia inesquecível, até mais do que o dia em que eles apagaram o sol ...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Crônica Urbana (fragmento)

Por Marcelo Luiz de Freitas

     Esta triste e fria muralha que nos envolve, mantendo-nos encarcerados em verdadeiras trincheiras nas, quais buscamos, inconscientemente, segurança, cresce a cada dia. E por incrível que pareça, cada vez mais me sinto parte dela e ainda assim tornamo-nos estranhos. E por mais que eu caminhe pelas mesmas calçadas, há sempre um novo olho me olhando e este incómodo, este ato prisional, voluntário ou não, é cada vez mais comum e esta náusea é recíproca.

     Pergunto-me todos os dias se ainda caibo nesta imensa falácia a qual muitos de nós nos entregamos sem ao menos questioná-la.
     O mundo é todo dia e todo dia é sempre igual e em iguais nos tornamos.
     São três mil e seiscentos segundos que se juntam a outros incansáveis sessenta minutos que se arrastam por vinte e quatro horas sete dias por semana durante doze meses de um único ano que se fragmenta em pequenas trezentas e sessenta e cinco frações nas quais submeto- me aos caprichos desse sofismo hereditário sufocante que me é empurrado goela abaixo.

      Um dia ainda serei livre [...] besteira, ninguém é livre.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Um lugar chamado: Cordel do Fogo Encantado


Por Cristian Rangel

Existem algumas bandas capazes de nos tomar por completo, elas têm algo bastante original e ao mesmo tempo nostalgico, por isso o som bate diferentes do das outras bandas, quem não tem uma banda/artista em especial, que quando se esculta sente uma sensação inominável, e boa. Num primeiro momento tive um certo estranhamento, pois era coisa nova e não convencional, um tempo depois foi que deu-se o baque e me peguei imerso naquele universo, talvez essa é um pouco da sensação de todos com suas paixões musicais. Daí catamos cada melodia, sentimos cada palavra e incorporamo-nos a elas de corpo, mente e alma. Há arrepios eufóricos ao ouvir, e inevitavelmente cantar/gritar a maior parte das músicas, tamanha é a identificação,  então afogamos com o som da poesia simplista, porém pungente!

É a sensação de estar num lugar fantástico
Chamado de O Cordel do Fogo Encantado.
Independentemente de tempo e espaço
É possivel ver, sentir, viajar e acessá-lo.
Um tanto quanto pulsante, vivo, árido
É poesia ardente inconstante e mágica

Muitos não puderam se encantar com o fogo do cordel, alguns poucos privilegiados, foram lá e sentiram aquela rima poética ardente inconstante e maravilhosa pulsar, tal como as artérias, dando mais vida ao corpo e acalentando a alma cansada, com batimentos percursivos elétricos, energizantes, vibrações regionais e ao mesmo tempo universais. Um lugar que, como todos os outros, existia tristezas e alegrias mas, que diante do grande espetaculo trágicômico que é a vida não se abidicaram da dor, do amor, da saudade, da água, do fogo com muita habilidade e maestria de transformar todos esses sentimento/elementos na mais pura e simples poesia.

Ao fim desse lugar chamado Cordel do Fogo Encantado, bridaremos à morte e vida, pois ainda é possível sentir aquilo tudo e viver de novo toda essa fantasia.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Os Famosos e os Duendes da Morte, de Esmir Filho


Por Cristian Rangel

A falta de pertencimento a um lugar que não comporta o desejo por liberdade do personagem e sua ânsia de conhecer o novo, em um momento de transição complicado entre a adolescência e a fase adulta. Essa é a premissa que irá se desencadear os Os Famosos e os Duendes da Morte de Esmir Filho, já conhecido pela sua experimentação em seus curta-metragens. Criando o cotidiano pacato de uma pequena cidade, que parece não pertencer ao nosso País, vista pelo olhar sutil e melancólico de um adolescente confrontando suas percepções e aspirações, o filme tenta construir uma dicotomia entre a necessidade de expansão/ampliação de horizontes e as incertezas e memôrias daquele lugar bastante presentes na mente do personagem.

A internet como janela para além de fronteiras, que proporciona liberdade e interatividade, porém, cria também relações e aproximações ambíguas: na medida em que são construídas vidas virtuais, um tanto quanto legitimas e/ou duvidosas. As lembranças de um possível amor passado e os conflitos oníricos e existenciais do personagem principal, podem se relacionar a esse universo virtual, pois, ambos são intangíveis e distantes, o que é explicitado no início do filme quando ele escreve/diz “estar perto não é físico”. Ou mesmo quando conta a estória da garota sem perna, se referindo a uma menina com quem se relaciona on line; e o garoto sem nome, ele próprio. Onde o garoto nunca foi levar as pernas da garota e nem ela veio lhe dar um nome. Mesmo nós, espectadores, não sabemos seu nome, o conhecemos apenas pelo pseudônimo Mr. Tambourne Man, referência a música de Bob Dylan, de quem ele é fã.

A dissonância entre o personagem e aquele lugar, e mesmo dele em relação às outras pessoas, se dá de maneira bastante clara, tanto em suas ações, quanto por imagens, quando se perde na neblina ou na lente embassada da câmera. Em sua casa esse destoar se faz mais fortemente, não só pelo silêncio no convívio com a mãe, como também na composição do quadro, onde estão quase sempre em lados opostos, explicitando essa distante relação, exceto quando o vinho que a mãe lhe oferece, quebra um certo gelo e os aproxima, porém, por pouco tempo.

Em determinados momentos, não tão recorrentes, o adolescente consegue esquecer e/ou distrair seu mal estar: na solidão de seu quarto, seu grande refúgio, onde se pode sonhar e expressar sentimentos e inquietações; no silêncio e vazio da madrugada, com seu amigo fumando e de certa forma se libertando temporáriamente, talvez pelo perigo do momento; e por fim, na identificação com Julian, personagem meio fantasmagórico, que assim como ele, destoa de toda a cidade. Todos esses momentos, encontram analógia com a recorrente aparição de estrelas imaginárias, nos três momentos, simbolizando a imensidão do universo e sua vontade de sair daquele lugar. Tal ânsia que cai por terra, na cena em que farelos de pão em um prato preto, dão idéia de constelação estrelar, idéia que é rapidamente desmentida.

O ritmo narrativo é quase arrastado, após a metade do filme, contribuindo também para uma certa perda de expressividade e interação com o espectador. O modo como Esmir explora aquela cidade, não dando muita expressão a ela, também dificulta a identificação com ela e seus personagens.

Ainda assim, Esmir Filho mostra um cinema que tenta fugir de um lugar comum, retratando um ambiente e um tema muito diferente, do recorrente ao cinema brasileiro contemporâneo, bastante urbano e muito centrado no sudeste do pais. Em Os Famosos e os Duendes da Morte, existe um nível de experimentação formal e narrativo. A apropriação do universo lúdico e a transição de fases da vida, são aspectos já evidenciados em seus curta-metragens. No entanto, a sua estréia em longa, traz consigo a refrescância de algo diferente e a princípio um tanto quanto instigante.

Trailer:

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O Natimorto, de Paulo Machline

Por Cristian Rangel


Quando se trata de adaptações literárias para o cinema, inevitavelmente todos tratam de comparar as duas obras, qualificando uma em detrimento da outra. No entanto, devemos considerar a distinção que há entre as duas formas de linguagem, para se fazer ponderações mais conscientes sobre elas. O limite entre fidelidade a obra original e criação a partir dela, também é uma questão que merece bastante atenção, porém, creio que se tratando de adaptações é importante verificar se elas sobrevivem e se resolvem, independente uma da outra.


1º longa de Paulo Machline na direção, O Natimorto é uma adaptação do romance homônimo do quadrinista e escritor Lourenço Mutarelli, e teve sua pré-estréia nacional na 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Paulo Machline é fiel ao ambiente pesado e um tanto quanto obscuro da obra de Mutarelli, mas deixa um pouco de lado o humor sarcástico, elemento também característico da obra do escritor, para mergulhar profundo na loucura e fumaça da história.


Um caça-talentos traz uma cantora a São Paulo para apresentá-la a um maestro, enquanto esperam a audição em um quarto de hotel, ele, que fuma um maço de cigarros por dia, faz uma interessante relação com as campanhas anti-fumo dos maços e as cartas do tarô, sendo assim, em sua lógica ele prevê o seu dia a partir das imagens das campanhas. Ao se apaixonar pela a cantora (a voz da pureza) ele propõe a ela que passem cinco ou seis anos trancados naquele apartamento sem sair para nada.


O filme nos apresenta uma visão bastante pessimista, as coisas nunca dão certo, são apenas expectativas não saciadas. Tudo se passa no quarto de hotel, o mundo faz parte de um extra-campo obscuro, onde podemos ver seus fragmentos através de flash back’s de um passado, no mínimo, sórdido. O casamento do Agente não deu certo, sua proposta não saiu como ele queria, a audição da Voz não acontece como desejava e o novo relacionamento entre os dois também não dá certo. O filme pode ser visto como uma metáfora do homem e da mulher em relação ao mundo, impressão acentuada pelo fato dos personagens não terem nomes próprios (sendo o Agente, A Voz e a Esposa, que fazem parte de um triangulo amoroso onde todos são distante, mesmo dividindo um mesmo espaço). Ele se fecha em suas certezas e também naquele quarto, com o seu olhar niilista para com o mundo, sempre querendo que entrem no seu jogo esquizofrênico; enquanto ela não se contenta em ver as coisas com os olhos dele, carregando consigo certa esperança e se lança para fora, se arrisca; no entanto, lá fora, o mundo lhe é cruel e o quarto permanece como refugio contra a frieza da vida lá fora e também contra os monstros particulares. E mesmo sabendo que a nicotina pode causar impotência sexual, continuam acendendo mais um cigarro.


O Natimorto é daqueles um filme que, pode-se dizer não possuir tempo de duração, pois permanece mesmo depois de sua exibição, por um tempo na mente do espectador, independente de se gostar ou não dele, tem a força de nos instigar e também é de difícil digestão, quer nos confrontar e requer uma analise mais atenciosa de seus pequenos detalhes.



Trailer:

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Insolação, de Felipe Hirsch e Daniela Thomas

Por Cristian Rangel

De todos os filmes vistos na 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes, o que mais me indagou, e continua a me instigar, é sem dúvida o longa-metragem Insolação, de Felipe Hirsch e Daniela Thomas, que em um primeiro momento me pareceu ser um tanto quanto complexo e meio vago, talvez por ser um filme de grande experimentação, que deveras requer um olhar mais calmo, sem tentativas de conclusões precipitadas. Porém, me deixou muito incucado, mas com o tempo começei a refletir sobre ele e seu potencial discursivo, e o filme se revelou como um angustiante retrato do amor contemporaneo, de seus encontros e desencontros.

Em uma cidade completamente vazia, onde personagens se expõe a um forte calor enquanto, não por acaso, estão a procura de amor; contudo a Insolação aumenta na medida em que os personagens se engendram em suas buscas, mas o amor se faz sempre intangivel, quase que platônico. O filme se apresenta com uma impressão de interação com o espectador, logo no início um personagem nos adverte para não comer comida barulhenta durante a sessão, depois sabemos que se trata de um louco, que discursa sozinho, e que lamenta por sua longa tentativa de amar.

Nesse deserto há chuva, mas não simboliza como contraponto a Insolação, a chuva acentua a dor dos personagens perdidos naquele vazio. O amor é tratado de tal forma, que parece querer nos confronta de frente, propondo uma intensa reflexão sobre os devaneios por loucos sentimentos, como os que estão, de alguma forma, na tela.

Trailer:

sábado, 30 de janeiro de 2010

13ª Mostra de Cinema de Tiradentes - Divagações sobre a escrita e o olhar!


A Mostra de Cinema de Tiradentes, que em 2010 chega a sua 13ª edição, é uma oportunidade ímpar de conferir obras do cinema nacional, recém saídas do forno e que trazem algo de interessante e instigante em termos de linguagem e/ou narrativa. Esse é um aspectos bastante característicos da Mostra de Tiradentes, que segue com sua tradição de exibir o que há de novo no cinema brasileiro contemporâneo. Filmes que de alguma forma fogem do lugar comum do cinema predominante nas salas de cinema comerciais.

A brisa de reflexão que paira pela cidade, confere a mostra um clima de dialogo e discussão cinematográfica entre os filmes, o público e a crítica. Inevitavelmente esse ambiente excita o exercício da escrita e também do olhar. Sendo assim, irei divagar sobre alguns filmes visto na Mostra que me causaram algum tipo de indagação.

A 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes termina hoje deixando um pouco de nostalgia misturada com alegria, que venha a 14ª edição.

Até breve!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010


13ª Mostra de Cinema de Tiradentes

Entre os dias 22 e 30 de janeiro de 2010 acontece em Tiradentes a já tradicional Mostra de Cinema, que este ano chega a sua 13ª. edição. Como sempre com uma programação gratuita, de filmes brasileiros contemporâneos, que certamente serão bastante repercutidos durante todo o ano que começa.

Enquanto a Mostra de Ouro Preto mantêm seu foco na memória e preservação do nosso cinema e a Mostra Cine BH no mercado audiovisual, a Mostra de Tiradentes tem um caracter de reflexão e debate, do que se anda fazendo de novo e/ou diferente em cinema no Brasil, em termos de linguagem. As três Mostras são produzidas pela Universo Produções, integram o Cinema sem Fronteiras – programa nacional de audiovisual e já fazem parte do calendário audiovisual de Minas Gerais.

Nesta edição a Mostra homenageia o cineasta cearense Karim Ainouz, que tem em seu curriculo os longas Madame Satã, O Céu de Suely e seu mais recente filme: Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo.

Programação e info:
http://www.mostratiradentes.com.br/