sexta-feira, 19 de março de 2010

O amante e a meretriz (fragmento)

Por Marcelo Luiz de Freitas



     Por aquela porta, entravam e saiam diariamente, jovens, adultos, velhos, casados, doentes, solteiros, grávidas, brancos, pardos, negros, loiras, advogados, morenas, pobres, ricos e inúmeros virgens.


     Os corredores estreitos obrigavam os transeuntes a se movimentarem lentamente, trombando uns nos outros. A fragrância de perfumes adocicados, misturada à fumaça de cigarros, aguardente e ao odor de suor causava náusea em alguns, mas para a maioria dos que circulavam por ali, aquilo era o perfume dos deuses. Extremamente excitante e encantador.


     Havia, em um dos cômodos, um bar. Garrafas, de diversos formatos e cores, compunham a decoração. Um grande balcão circulava todo o recinto, delimitando o espaço entre os fregueses e a atendente.


     Todo domingo, depois que saía do serviço, Alice encontrava-se com seu amado e os dois pernoitavam. Ela o esperava na porta da catedral. Assim que chegava, davam as mãos e entravam, ajoelhavam-se perto da imagem de algum santo e por cinco minutos ficavam em absoluto silêncio. Depois de cumprido o ritual, os dois dirigiam-se à casa de Avelino...

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