quinta-feira, 4 de março de 2010

Crônica Urbana (fragmento)

Por Marcelo Luiz de Freitas

     Esta triste e fria muralha que nos envolve, mantendo-nos encarcerados em verdadeiras trincheiras nas, quais buscamos, inconscientemente, segurança, cresce a cada dia. E por incrível que pareça, cada vez mais me sinto parte dela e ainda assim tornamo-nos estranhos. E por mais que eu caminhe pelas mesmas calçadas, há sempre um novo olho me olhando e este incómodo, este ato prisional, voluntário ou não, é cada vez mais comum e esta náusea é recíproca.

     Pergunto-me todos os dias se ainda caibo nesta imensa falácia a qual muitos de nós nos entregamos sem ao menos questioná-la.
     O mundo é todo dia e todo dia é sempre igual e em iguais nos tornamos.
     São três mil e seiscentos segundos que se juntam a outros incansáveis sessenta minutos que se arrastam por vinte e quatro horas sete dias por semana durante doze meses de um único ano que se fragmenta em pequenas trezentas e sessenta e cinco frações nas quais submeto- me aos caprichos desse sofismo hereditário sufocante que me é empurrado goela abaixo.

      Um dia ainda serei livre [...] besteira, ninguém é livre.

2 comentários:

Santiago disse...

Finalmente Marcelo!!! Adorei o texto viu? Abraçosss

2 Aspirantes disse...

Pior né! antes tarde, do que nunca!
rsrs!
Cristian Rangel